Participantes realizaram homenagem em memória ao professor e gestor cultural Oswald Barroso
Joziane Pontes, estagiária sob supervisão da jornalista Hannah Freitas* – Texto e fotos
Na tarde da última terça-feira (26/3), o Centro de Memória da Fazenda (CM), equipamento cultural da Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz-CE), sediou o encontro “Patrimônio em Debate: Tradição, Registro e Salvaguarda”. Sob a orientação da coordenadora do Núcleo Educativo do CM, Ana Paula Bezerra, o evento contou com a participação de renomados especialistas no campo do patrimônio cultural.
O coordenador de Patrimônio Cultural da Casa de Saberes Cego Aderaldo, em Quixadá, Alênio Alencar, iniciou o debate explicando os diferentes níveis de proteção – municipal, estadual e federal – e ressaltou a importância de cada um deles. O historiador também abordou a denominação de patrimônio cultural e sua abrangência, destacando a gestão, promoção e identificação de bens tombados, tanto materiais quanto imateriais. Esses bens abrangem desde cidades históricas e sítios arqueológicos até acervos museológicos e práticas culturais tradicionais.
Outro ponto abordado foi a política dos Tesouros Vivos da cultura, uma iniciativa do Governo do Ceará que reconhece mestres, grupos e coletividades detentores de conhecimentos e técnicas culturais tradicionais, visando preservar e transmitir esses saberes para as próximas gerações. Ao longo de duas décadas, 150 Tesouros Vivos foram reconhecidos no estado, recebendo apoio institucional e financeiro para manterem suas atividades. Os critérios para o reconhecimento como Tesouro Vivo da Cultura incluem a relevância do saber ou fazer, reconhecimento público, memória indispensável à transmissão do conhecimento e atuação no estado.
Para o representante do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional do Ceará (Iphan-CE), Vinícius Frota, “falar de patrimônio é falar das nossas referências culturais”. Durante a explanação, foi abordada a evolução desse conceito ao longo do tempo, desde uma perspectiva inicial, centrada na valorização dos vestígios dos colonizadores, até uma visão mais abrangente, influenciada pelo escritor Mário de Andrade.
O antropólogo, destacou ainda a importância do diálogo entre elementos materiais e imateriais do patrimônio cultural, exemplificando com o caso da Capoeira, onde a “roda de capoeira” e os seus mestres são reconhecidos como patrimônio imaterial. Outro tópico abordado foi a preservação dos terreiros, como o da Casa Branca do Engenho Velho, chamado em iorubá (língua ritual de seu culto) Ilê Axé Iyá Nassô Ok, como um marco histórico no tombamento pelo Iphan.
Homenagem
O momento também contou com uma breve homenagem ao professor, comunicador e gestor cultural cearense Oswald Barroso, falecido em 22 de março. A contribuição deixada por ele para a preservação e valorização da cultura no estado do Ceará é incalculável, e deixa um legado que continua a inspirar gerações.