Palácio da Fazenda, em Fortaleza, completa 95 anos e passa por restauro

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           O edifício inaugurado no ano de 1927 foi o primeiro prédio de concreto armado do Estado. Obras de restauro do Palácio da Fazenda começaram em junho

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O prédio da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará (Sefaz) completou 95 em 2022. O local funciona como espaço administrativo da Secretaria e abriga o Centro de Memória da Fazenda, equipamento cultural da Sefaz (foto: Divulgação/Secretaria da Fazenda)

O prédio que abriga a primeira sede da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará (Sefaz) completou 95 anos nesse domingo, 27. O edifício está situado na avenida Alberto Nepomuceno, 2, no Centro de Fortaleza. O local funciona como espaço administrativo da Secretaria e abriga o Centro de Memória da Fazenda, equipamento cultural da Sefaz. O Palácio da Fazenda foi projetado pelo arquiteto José Gonçalves da Justa e inaugurado no ano de 1927. É o primeiro prédio de concreto armado do Estado e foi o primeiro bem tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico do Ceará, em 1982.

A Secretaria e a Superintendência de Obras Públicas (SOP) realizam um processo de restauração das fachadas da sede, iniciado em junho deste ano. A restauração inclui os ornatos, cercaduras, esquadrias, reforço estrutural, recuperação da torre e pintura.

A historiadora e coordenadora do Núcleo Educativo do Centro de Memória, Thayane Oliveira, aponta que a localização do Palácio da Fazenda, próxima ao antigo Porto de Fortaleza, foi pensada de forma estratégica, além de contar com uma torre construída com a finalidade de auxiliar na fiscalização das mercadorias que chegavam à Capital cearense.

Pensar no Palácio da Fazenda é pensar um pouco sobre a economia cearense. “A gente tem o vitral, que representa alguns elementos que foram importantíssimos para o desenvolvimento da economia cearense: café, algodão e a presença da Maria Fumaça, representando essa modernidade sobre os trilhos que chegavam à Cidade e ao Estado”, diz ela.

“O prédio precisava ficar próximo ao porto para poder permitir a fiscalização das mercadorias e das pessoas que entravam ou que iriam sair também. Por isso, temos uma torrinha, onde os funcionários da secretaria ficavam observando as embarcações que chegavam.”

 

Palácio da Fazenda: história do fisco no Ceará

Uma secretaria da Fazenda, no geral, é responsável pela arrecadação dos tributos estaduais, pela gestão financeira e pelo planejamento e controle da execução orçamentária da administração estadual. Além de se tratar da sede de uma secretaria importante, o edifício conta a história do fisco no Ceará através dos equipamentos culturais presentes no local.

“Em um primeiro momento, a gente não consegue enxergar o retorno social da arrecadação. A gente sempre pensa que o Brasil tem uma alta carga de impostos, mas precisa saber que essa carga tributária é responsável por permitir que tenhamos acesso a serviços como as vacinas e construção de obras públicas importantes. Na exposição Notas de Memória, trazemos este exemplo a partir da construção de açudes, teatros, espaços esportivos e saúde”, conta a historiadora Thayane Oliveira.

A historiadora explica que através das modificações nas constituições do País percebe-se também a modificação na forma de cobrar tributos. Primeiramente concentrado nas mãos do poder federal e depois concedendo autonomia a estados e municípios que irão, posteriormente, ser os responsáveis pela aplicação desses recursos.

Restauração do Palácio da Fazenda

O arquiteto e urbanista Frederico Barros explica que a inspiração para a nova pintura da sede veio após uma prospecção cromática. Essa prospecção tem a intenção de identificar o tom e qualidade cromática da primeira camada de pintura de uma estrutura.

Durante o trabalho de prospecção que investigou as camadas de tinta usadas na edificação ao longo dos anos, foi descoberto que as cores originais do prédio eram de tons rosa e amarelo. De 1981 até este ano, o prédio teve as fachadas pintadas com as cores branco e cinza. Com a restauração, o Palácio voltará a esbanjar as cores da inauguração. 

Thayane Oliveira destaca que ao término da obra do restauro das fachadas, o Centro de Memória da Fazenda planeja iniciativas que contribuam para a difusão da temática de preservação. “Todo o processo de restauro do prédio está sendo documentado, e, ao final, será mantida uma janela-testemunho com o objetivo de marcar a passagem de outras cores como forma de não apagar a história ali presente.”

“O testemunho será utilizado como ferramenta para a educação patrimonial nas mediações do Centro de Memória e permitirá que a sociedade se aproprie das memórias que envolvem o prédio e a cidade de Fortaleza”, conclui a historiadora.

Palácio da Fazenda: memória 

Frederico Barros, arquiteto na empresa especializada em projetos de restauração arquitetônica, explica que a ação de preservação da memória têm um papel fundamental na formação humana. Para ele, a conversação da estrutura do prédio é essencial, porque só através dela teremos preservado um exemplo de arquitetura em um cenário urbano, junto a uma feição plástica e espacial na organização do Centro da nossa Cidade.

“Estamos diante de um memorial. A memória é importante porque graças a ela, nós não precisamos estar inventando a roda todo dia. Um dia alguém inventou a roda e eu não preciso mais ter que inventá-la para fazer um carro andar. Você sabe por que a Alemanha preserva uma coisa tão hedionda e horrorosa como o campo de concentração de Auschwitz, para que a gente não caia no mesmo erro.”

Servidora desde 1994, a coordenadora da área de gestão de pessoas da Secretaria, Dulce Ane Capistrano, recorda os momentos de transformações da Sefaz dentro do patrimônio histórico. “O processo atual de restauração da Sefaz mexe com todos nós. É um processo de mistura entre o novo e o antigo. Referente ao novo, porque a medida que nós estamos cuidando de um patrimônio, nós permitimos que ele contemple o presente e o futuro do nosso Estado.”

Além disso, como alguém que vivenciou várias fases da Sefaz, Dulce destaca ter como primeira fazendária do Ceará uma mulher e servidora técnica [Fernanda Pacobahyba] é muito importante para o empoderamento da mulher. “A secretária confirma o quanto as mulheres têm estudado e são tão competentes quanto os homens. A Fernanda é técnica, entrou na Sefaz por concurso público. A nossa gestão é voltada para servir a sociedade.”

“Em um primeiro momento, a gente não consegue enxergar o retorno social da arrecadação. A gente sempre pensa que o Brasil tem uma alta carga de impostos, mas precisa saber que essa carga tributária é responsável por permitir que tenhamos acesso a serviços como as vacinas e construção de obras públicas importantes. Na exposição Notas de Memória, trazemos este exemplo a partir da construção de açudes, teatros, espaços esportivos e saúde. A historiadora explica que através das modificações nas constituições do país percebe-se também a modificação na forma de cobrar tributos. Primeiramente concentrado nas mãos do Poder federal e depois concedendo autonomia a estados e municípios que irão, posteriormente, ser os responsáveis pela aplicação desses recursos.