Fotopintura, Memória e Tempo: artista Moisés da Cunha visita obras expostas no Centro de Memória da Fazenda

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O Centro de Memória da Fazenda (CM), equipamento cultural da Secretaria da Fazenda do Estado do Ceará (Sefaz-CE), recebeu a visita do artista Moisés da Cunha Lima, foto pintor responsável pelas obras expostas na Galeria dos Secretários. As peças, encomendadas em 1996, retratam com precisão e cuidado artístico os ex-secretários da Fazenda, revivendo a tradição quase extinta de restauração e colorização manual de fotografias.

Além do Núcleo Educativo do CM, estavam presentes a supervisora do Núcleo de Cidadania Fiscal (Nucif) e gestora do CM, Clarissa Barroso, demais servidores fazendários da equipe do Nucif, e o servidor Leilson Cunha, filho do Sr. Moisés.

A visita do artista ocorreu em meio aos preparativos para a comemoração dos três anos de reinauguração do Centro de Memória da Fazenda. O servidor fazendário Leilson Cunha, filho do fotopintor, agradeceu a homenagem feita a seu pai. “Meu pai dedicou boa parte da sua vida a preservar essas histórias através da imagem. Ver o trabalho dele ser reconhecido dessa forma, tantos anos depois, é emocionante. Como filho, é um orgulho estar aqui hoje”.

As obras do Sr. Moisés são parte fundamental da Galeria dos Secretários, localizada no CM, que recebe mensalmente dezenas de visitantes, incluindo muitos jovens e adolescentes. A coordenadora do núcleo educativo do CM, Ana Paula Bezerra, ressaltou que a arte da fotopintura faz parte do patrimônio cultural local.

“Entrevistar o Sr. Moisés é uma forma de preservar a memória viva e conhecer mais sobre essa técnica tão rara”, pontuou. A galeria, além de expor os retratos dos secretários da Fazenda, abre espaço para que o público reflita sobre as múltiplas camadas de memória contidas nas imagens.

Ao final do encontro, Sr. Moisés, visivelmente emocionado, agradeceu a oportunidade de revisitar as obras. Ele concluiu com uma de suas poesias sobre o tempo, uma de suas muitas habilidades além da fotografia e da fotopintura:

Eu estava no passatempo passando um tempo,
uma voz de outro ser chegou e me perguntou:
Moisés, tempo bom, tempo ruim, que tempo você gostou?
Tu vai ficar calado, me responda, por favor!
Ai, eu respondi a voz: eu não vou falar do tempo, porque não sou falador,
Todo tempo para mim é bom, e o tempo também é mediador.
E o tempo tá dando tempo e vai curar tua dor.
_O tempo também é o maior conservador e guardador _
da semente da história de todo homem que passou.
_E assim eu respondi a voz. _
Ela nunca mais falou.

A fotopintura

A técnica de fotopintura, que ganhou força no Brasil ao longo do século XX, combina a restauração de fotografias desgastadas com a aplicação de cores manuais, utilizando tinta a óleo, pastel e aquarela. Essas intervenções não apenas rejuvenescem as imagens, mas também transformam simples retratos em obras de arte. A fotopintura recria o imaginário popular, dando novas narrativas a registros históricos e familiares.

Sr. Moisés é um dos poucos mestres dessa arte no país. Com mãos cuidadosas e um olhar atento para os detalhes, ele se destaca por sua precisão na recriação de rostos, definindo linhas, eliminando imperfeições e trazendo à tona expressões vivas que remetem ao passado.

Além de sua habilidade em fotopintura, Moisés se destacou como um dos únicos fotógrafos a registrar o trágico acidente aéreo durante as comemorações da Semana da Asa, em 22 de outubro de 1967. Naquele dia, milhares de pessoas assistiam a um show aéreo entre o Iate Clube e a Praia de Iracema quando uma manobra acrobática falhou, levando o caça TF-33 da Força Aérea Brasileira a cair no mar.